domingo, 7 de maio de 2017

Estas palavras podiam ser minhas...


Ultimamente não tenho andado a saltitar de blog em blog como costumava fazer aqui há uns tempos, por lapso e distracção, ou mesmo por falta de paciência para certos conteúdos que não me interessam e me fazem ficar um bocado intrigada por haver tantos aplausos a coisa nenhuma.

Começo a ver demasiados textos cujas vírgulas são estupidamente substituídas por reticências (desconheço e não compreendo o motivo), a transbordarem de clichés e frases copiadas do icanread, ou de um diário de uma adolescente de doze anos, que em cada frase conseguem criar metáforas e comparações, com expressões como: 'as flores sorriram para mim...' e até com erros ortográficos para ajudar ao baile.

Todos temos os nossos sentimentos e faz bem partilhá-los, desabafarmos e tudo mais mas, se nossos serão, convém, no mínimo, sabermos exprimi-los à nossa maneira, sem andarmos às voltas a tentar fazer poesia prosaica para fingirmos que somos umas grandes divas do romance moderno e soarmos a Margarida Rebelo Pinto. Até porque nisto há que ter bom senso e saber incluir uma parte de nós no que fazemos, porque ser piroso é diferente de estar/ser sensível/sentimental. Na verdade, bem espremidos a maior parte dos textos não diz absolutamente nada, a não ser uma ideia muito floreada de uma situação hipotética, sem existir ponta de nexo e nada 'real próprio'.

Gosto de ler coisas de pessoas que sendo 'anónimas' (todos nós aqui o somos, uns mais do que outros) têm personalidade no que escrevem e que põem o seu cunho pessoal no que partilham (com textos brilhantes, parvos, lamechas, ridículos, circunstanciais, apaixonados, intrigantes; vale tudo!), sem terem que se agarrar a pensamentos bonitos para soar melhor; que quando escrevem tanto lhes importe ter zero, um, cem ou trezentos comentários ao post: que o façam somente porque lhes apetece e não porque estão a pensar que há quem vá aplaudir o que fizeram.

Sei que tenho pessoas que vêm cá de vez em quando (pelos comentários ou pelo contador - que se não estivesse ali, eu nem acreditava), uns quantos curiosos ocasionais,  outros que só vêm cá para dizer mal de alguma coisa, ou ver se falo sobre sexo e dicas para apimentar relações, como ser uma cabra do pior, ou sobre o verniz que me estalou no dedo mindinho do pé (e que tristes abalam ao seu terceiro segundo aqui: desculpem, sim?), ou quem se tenha enganado, ou  mesmo quem nem goste de nada disto e abale da mesma forma que entrou.

Não me julgo superior, nem serei superior a outros autores de blogs, ou mesmo a quem quer que seja, somente aqui quem gosta: lê, quem não gosta tem muitos outros blogs por onde escolher: juro que não me incomoda.

Porque escrevo e partilho o que me apetece, quando me apetece e como me apetece. Dou erros como toda a gente, debito parvoíces a qualquer hora mas, ao menos faço-o porque me apetece, e não porque tenho uma imagem a desenvolver ou a defender perante quem cá vem - de me serviria tal coisa?
(ah, e no caso de algum dia isto vos soar a um pardieiro sem sentido, avisem-me... porque vos agradeço).

by Ana, Dona do Café

1 comentário:

The Pink Elephant Shoe disse...

Gostei tanto mas tanto. Vou espreitar o blog da Ana :)

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